Wednesday

ABDUÇÃO

Nuvens grávidas
Ocultam as naves-mãe
Que descem à Terra
Pátria do infinito
Para exames ginotecnológicos
Nos homens.
O verde é deflorado,
Implantam microchips
No corpo sutil
Do mundo
Enquanto OVNIs afundam
No oceano infundo e vil
Do ovo humano
A luz se faz
Dentro dos olhos
Cosmos espelhados na íris:
Um arco, abrolhos, eras
Nova constelação de Cílios
A piscar estrelas

Tuesday

MAKE UP!

Take a Pancake
Strecht your arms out
Like a joystick
Take a Lipstick from the wall lizard
Beautiful, beautiful
Yes, you're the best wizard!
Clap, clap, clap
Wow, look at the mirror!
Hair of fire falling down your lap
And after the child night
You can take a snap.

Saturday

ERETO ETÉREO

Céu: imenso falo armado em azul, anil viril do Deus-Homem
Admirado por bocas expostas à comunhão dos prazeres no mundo.
Das manhãs, a glande intumescente reluz, é Sol ao pôr,
Ósculo no Crepúsculo-prepúcio para logo aurorecer.
Incessante insaciável ciclo.
E quem beija, seja a lua, seja dos ventos a rosa,
Com a lâmina da língua plena e leitosa,
Babujará no espaço estrelas cadentes que piscam
A cada contração de pré-parto
Novo gozo. Tudo música, tudo teatro.
O sexo dos anjos tocadores de longas trombetas sendo discutido num ato
Atrás das nuvens alvas. Cumulus-nimbos de desejos acumulados,
Testículos-planetas achatados nos poros,
Amassado com as mãos do infinito,
Ao imbuírem-se nos primeiros líqüidos do orvalho.
Forte o cheiro da chuva, suor-sêmen-saliva
No buraco negro da Terra cheia de viço e fertilidade.
Lá habitam seres de carne sedentos do eterno.
Sorvem na cópula do divino e rompem o hímen complacente,
Cumprindo religiosamente os pagãos rituais de acasalamento.

Friday

ROTINA

Cotidiando, cotidiando...
Chego no meio do caminho
E me deparo com o tanto andado em circos,
Dos animais livres do passado utópico
Até os maquinais sem utopiar por hoje
Dentro das gaiolas feitas pelos palhaços
Americanos de narizes vermelhos
Segui viagem...
Comprei a passagem
Sem saber se a vida tem volta
Só de ida. Preço caro
Vou partindo, vou rompendo
Tentando sair da rota da rotina
Com o carro do destino
,destino:o acaso,
A guiar para a casa mundo

MEIA-NOITE

Dançou no baile de máscaras da alta sociedade
A noite inteira,
Até que ela caiu.
Saciedade baixa
Rosto rendido às mãos

Parou de sorver álcoois
Não mais dormitou das 12 após
Com nenhum outro homem.
Dos travesseiros e fronhas
Poderia cair em maus lençóis

Transformou-se:
Metade de lua, à míngüa
Deixou enterrada sua partida
Assinando a Deus

Thursday

A INVASÃO

Os sustentáculos da massa se apóiam sobre a cidade esguia
Ambulantes de um dia-a-dia erguido sobre mares e ruínas
Mato concretizado, cinza ladrão de ar, chaminés...
Onde põem os pés, ficam com o pé atrás
Aqui jaz o jazz dessa urbe estatelada de satélites
Mas ainda ganha a Lua quando não se vê o gás
O império se supõe gigante, mal basta prever a cartomante
O que o empuxo das marés nos traz:
Tsunami, Miami, Antrax