Saturday

ERETO ETÉREO

Céu: imenso falo armado em azul, anil viril do Deus-Homem
Admirado por bocas expostas à comunhão dos prazeres no mundo.
Das manhãs, a glande intumescente reluz, é Sol ao pôr,
Ósculo no Crepúsculo-prepúcio para logo aurorecer.
Incessante insaciável ciclo.
E quem beija, seja a lua, seja dos ventos a rosa,
Com a lâmina da língua plena e leitosa,
Babujará no espaço estrelas cadentes que piscam
A cada contração de pré-parto
Novo gozo. Tudo música, tudo teatro.
O sexo dos anjos tocadores de longas trombetas sendo discutido num ato
Atrás das nuvens alvas. Cumulus-nimbos de desejos acumulados,
Testículos-planetas achatados nos poros,
Amassado com as mãos do infinito,
Ao imbuírem-se nos primeiros líqüidos do orvalho.
Forte o cheiro da chuva, suor-sêmen-saliva
No buraco negro da Terra cheia de viço e fertilidade.
Lá habitam seres de carne sedentos do eterno.
Sorvem na cópula do divino e rompem o hímen complacente,
Cumprindo religiosamente os pagãos rituais de acasalamento.

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